Em meio aos estrondos ritmados dos disparos e Do cheiro marcante da pólvora, ergue-se a figura imponente do bacamarteiro. Vestidos com camisas e calças de algodão azul-claro, lenços amarelos no pescoço, chapéus de couro, alpargatas e cartucheiras de flandres, o Batalhão 51 de bacamarteiros de Lagoa dos Gatos, em Pernambuco, tem uma história escrita com pólvora seca que resiste ao tempo e segue como guardião de uma tradição que ecoa pelas festas populares do Nordeste, mantendo viva a chama da cultura.
A manifestação cultural é fortemente conectada à religiosidade, uma vez que os bacamarteiros, em suas apresentações cênico-performáticas, desfilam e disparam salvas de tiros em homenagem aos santos católicos reverenciados no mês de junho. Inspirados pela vivência de celebrar vitórias e festejar alegrias, homens e mulheres de Lagoa dos Gatos dedicam-se há mais de 100 anos a essa tradição, que tem como origem os grupos de cangaceiros que cruzavam os sertões nordestinos e, com o passar dos anos, tornaram-se ícones desse folguedo.
Quando o sargento da tropa de bacamarteiros soa o apito para sinalizar os disparos coletivos, os estrondosos bacamartes ressoam e os brincantes tornam-se imponentes e poderosos, como se estivessem vivendo as lutas travadas nas caatingas do sertão no início do século passado.
Como cantou Luiz Gonzaga: “O bacamarte é esta arte de saber fazer um tiro de ilusão e tradição.”, o Batalhão 51 de Lagoa dos Gatos, uniu essa paixão e essa luta pela cultura do bacamarte, arma de fogo de cano curto e largo, fazendo dela sua principal atividade e até hoje, o grupo encara o desafio de transmitir esse patrimônio às novas gerações, numa mistura de bravura e devoção, de respeito à cultura e amor às suas raízes.
Em forma de homenagem e acima de tudo, de reconhecimento a todos os bacamarteiros que seguem fazendo da pólvora um instrumento de celebração e memória, nasceu este projeto que ganhou vida por meio das imagens do fotógrafo Bruno Soares, que capturou com sensibilidade o universo fascinante, híbrido, plural e multifacetado dos bacamarteiros do Batalhão 51, um dos grupos mais tradicionais em atividade no estado de Pernambuco.
A resistência do Batalhão 51 reafirma seu compromisso com a memória coletiva, com a religiosidade popular e com os laços comunitários. Destacando-se, assim, o papel vital que o grupo desempenha na preservação da cultura nordestina. E foi sob os embalos do triângulo, da sanfona e da zabumba que Bruno Soares soube captar com fidelidade este mundo cercado de magia, encantos e forças históricas em um universo que hipnotiza com diferentes perfis e expressões privilegiadas dos que, até hoje, compõem o Batalhão 51 e mantêm viva a tradição popular, com legado e honra aos que vieram antes, e pensando nos que virão depois.
Uhélio Gonçalves
Curador, Pesquisador, Produtor Cultural e Comunicador Social
Apaixonado por fotografia, Bruno Ricardo Soares, mais conhecido como
Bruno Soares, nasceu no município de Cupira, no agreste de Pernambuco,
em 06 de agosto de 1991, sendo o primeiro filho de Sebastião Ricardo de
Oliveira e Maria Telma Soares de Assunção.
Empreendedor desde muito cedo e buscando sua independência, se
apaixonou pela fotografia tornando-a sua principal atividade e lema de
vida, onde com o passar do tempo, conquistou espaço e mostrou seu
potencial com as lentes, capturando momentos e contando histórias.
Com estilo documental, Bruno em sua nova fase, sai da zona de conforto e
se aventura atualmente em fotografar o cotidiano do povo do interior,
buscando sempre detalhar com veracidade e respeito a peculiaridade dos
lugares por onde passa e de cada pessoa que sua lente foca.
Entre tantas atividades, atualmente, Bruno Soares tem em seu currículo vários
cursos de aprimoramento e atua como social media, fotógrafo e produtor
cultural, com trabalhos que dialogam entre fotografia, política, jornalismo,
música e cultura popular.
O fotolivro " Batalhão 51: Nossa história não pode morrer”, é seu primeiro
trabalho impresso e aprovado em um edital de nível estadual lançado e
distribuído em uma versão impressa e digital.

Fotografia
Bruno Soares
Curadoria
Uhélio Gonçalves
Produção
Francielly Cintra
Site
Marcelo Silva
ID Visual
Raik Cordeiro
Direção de Arte
Bigmark
Comunicação
Uhélio Gonçalves /
Francielly Cintra
Acessibilidade
Vitória Bezerra /
Alume Filmes